Terapia dos Esquemas por Jeffrey Young
- Monique Veloso

- 13 de jul. de 2020
- 4 min de leitura
Esquemas
Os esquemas podem ser entendidos como uma maneira tendenciosamente padronizada e frequente de funcionamento de um indivíduo, por meio do qual esse indivíduo absorve o mundo, formando assim sua percepção. Esses esquemas ditam formas de pensar, sentir e se comportar. E através das experiências que os esquemas são forjados construindo padrões de funcionamento.
Uma pessoa pode ter um foco de percepção envolvendo a “realização”, um eventual problema no trabalho, seja com um chefe ou companheiro de profissão, pode ativar um ESQUEMA DE FRACASSO, essa ativação pode eliciar emoções como ansiedade, rebaixamento do humor...
A presentificação do esquema ativo, gera intenso mal estar emocional/ prejuízo na rotina, sintomas frente a sensação de vulnerabilidade intensa, por essa razão, o sujeito cria formas, muitas vezes, não perceptíveis (automáticas) de suprimi-los e assim eliciando o que chamamos de estratégias compensatórias.
Estratégias Compensatórias
As Estratégias compensatórias são formas que o sujeito articula para não lidar com o esquema ativo, uma estratégia compensatória dentro do esquema de fracasso pode ser: evitar qualquer atividade ou comportamento, onde o sujeito pode ter a prova, evidência de que é um fracasso.
O indivíduo dentro desse sistema pode trabalhar compulsivamente, a fim de não se sentir um fracassado ou ainda evitar assumir desafios com base no receio de encontrar confirmações que legitimem o seu pensamento.
O esquema de fracasso ou qualquer outro esquema, produz pensamentos automáticos intrusivos, exemplo: “não sou tão inteligente quanto gostaria”, “não tenho talento como os meus amigos de trabalho”, “parece que as pessoas são mais capazes que eu”, “sou incompetente”, “não sei se consigo”, “acho que não vou conseguir”.
Outra estratégia utilizada pelo indivíduo para lidar com o esquema, pode estar dentro de comportamentos como a esquiva/fuga frente a premissa, o indivíduo se esquiva de todas as atividades que possam trazer uma evidência a confirmação de que seus pensamentos automáticos intrusivos ou ainda o esquema de fracasso seja confirmado
O prejuízo da estratégia compensatória ou ainda da fuga/esquiva, é a manutenção da estrutura esquemática, a permanência do estado de vulnerabilidade e a possibilidade de uma eventual ativação futura ou atual.
O sujeito pode não ter consciência de suas estruturas esquemáticas e apenas perceber os prejuízos, frente a presença de sintomatologia e quadros diagnósticos emocionais
O esquema de abandono pode ser utilizado como exemplo a ser ilustrado, dentro do esquema de abandono, podemos encontrar igualmente os pensamentos automáticos intrusivos, exemplo: “preciso tanto das pessoas que tenho medo de perder”, “quando sinto que alguém está se afastando fico desesperada”, “não sei se consigo manter a minha vida sem essa pessoa”, “tenho medo de ficar sozinho”, “não sei viver sozinho”, “receio que as pessoas se afastem”, esses pensamentos tendem a eliciar emoções como angústia e medo e apresentam uma consequência comportamental.
São diversas as estratégias compensatórias os quais o indivíduo pode fazer uso, uma destas está na permanência em relações, por mais tempo do que se espera, a manutenção de relacionamentos não saudáveis ou ainda violentos, a subjugação de uma das partes ao desejo/vontade do outro, suprimindo suas próprias vontades, a fim de não ser deixado ou ainda a conduta precoce de terminar uma relação para não ser deixado.
Importante ressaltar que os esquemas, enquanto tendência frequente de percepção ou ainda uma vulnerabilidade do sujeito, se relaciona com a maior parte ou ainda todas as partes da vida de um sujeito, ou seja, no exemplo do esquema de abandono, a preocupação em ser abandonado ou não ser prioridade pode estar presente nas relações afetivas amorosas, relações sociais, no ambiente de trabalho e ainda nas relações familiares assim como o esquema de fracasso.
O esquema de inadequação, podem ser descrito como uma vulnerabilidade frente aos pensamentos relacionados a uma constante percepção, onde o sujeito se vê como não pertencente aos grupos sociais, podendo experimentar uma sensação constante de estranhamento, alguns pensamentos automáticos podem estar em torno de ideias como: “eu não me encaixo”, “sou fundamentalmente diferente das outras pessoas”, “me sinto fora dos grupos”, “me sinto alienado”, o indivíduo pode se sentir perdido sobre o que fazer ou falar na presença dos outros, esse esquema pode estar relacionado com estratégias de compensação como: demonstrar extrema naturalidade, ansiosa evidenciando o comportamento forçado de pertencimento dos grupos sociais, gerando autorrealização da própria inadequação ou ainda criando estratégias de fuga ou esquiva social, a fim de aliviar sensações de ansiedade, angústia e nervosismo.
A presença de um esquema ativo é a experimentação de um sofrimento extenuante, geralmente associado com sofrimento psíquico intenso, emoções quentes, uso de estratégias compensatórias ou fuga, de forma a promover a manutenção esquemática, deixando o sujeito em um ciclo retroalimentado, em uma sensação constante de não ter saída, quadro que pode iniciar sensações constantes de desesperança, angústia e desespero.
Os esquemas podem ser forjados principalmente na fase infantil, a partir de eventos significativos, fala de pais, cuidadores, professores, grupos sociais, relacionamento afetivo amoroso e a própria cultura o qual o sujeito está inserido.
O processo psicoterapêutico, dentro do trabalho da terapia cognitivo comportamental e da terapia dos esquemas, auxilia o indivíduo por meio de inventários, testagens, checklist, identificando e avaliando esquemas ativos, bem como compreendendo onde foram forjados, evidenciando estratégias compensatórias e estratégias de fuga/esquiva.
A proposta da reestruturação cognitiva com o auxílio do questionamento socrático, dentro da ferramenta da reparação parental, visa diminuir ativação esquemática e auxiliar por meio de estratégias, protocolo e intervenções, a modificação da estrutura disfuncional o qual o sujeito está inserido
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